É muito comum se imaginar que um pacifista é uma pessoa plácida, inabalável, talvez até meio boba. Isso não poderia estar mais longe da verdade.
“As pessoas têm uma referência do pacifista equivalente a um guru indiano, ou a um santo católico”, aponta Ana Vitória Vieira Monteiro, fundadora da ONG Paz Sem Fronteiras. “Alguém que nunca se altera, que, quando você bate em uma face, ele oferece a outra. Mas não é isso que define um pacifista.”
Alguém que vive segundo a cultura da paz, afinal de contas, continua sendo humano. O pacifista pode se exaltar, pode se empolgar, pode sentir revolta, pode entrar em discussões. Quando sabe ter razão em uma discussão, fica nervoso. Ser pacifista não significa fugir da briga.
Um pacifista, no entanto, não pode buscar prejudicar outra pessoa, de qualquer forma, mesmo que ela seja seu adversário. O pacifista pode discutir, mas apenas com palavras e ideias.
Um pacifista não mata, nem manda matar. Pacifistas não perseguem outras pessoas, física, moral ou financeiramente. Alguém que segue a cultura da paz nunca, sob hipótese nenhuma, recorre à tortura.
Atuar de forma pacífica significa não distorcer a realidade, nem por interesse próprio. Um pacifista não calunia nem mente. Também não amaldiçoa. Não rouba, nem tenta levar vantagem em situações, principalmente quando sabe que sua atitude vai prejudicar outros.
“Igualmente importante: nós, pacifistas, não apoiamos nem nos silenciamos diante de tais práticas”, continua Ana Vitória Vieira Monteiro. “Um pacifista não aceita acatar ordens para matar ou perseguir, mesmo que isso venha a lhe custar o emprego ou o sustento”.
Isso significa que, longe do patamar inatingível de santidade que comumente se associa ao pacifista, viver segundo a cultura da paz é algo acessível, e possível de ser praticado cotidianamente. Alguém que se propõe a seguir esses princípios não precisa reprimir o que sente quando é colocado em uma situação conflituosa – isso faz parte da experiência humana.
Mas, consciente de seus sentimentos, o pacifista escolhe uma maneira de solucionar o problema que não prolonga o atrito nem aumenta o dano já causado. Ao invés de reagir jurando vingança, maldizendo os adversários ou empregando a violência, o pacifista realiza um confronto de ideias. E, na pior das hipóteses, se cala, fazendo o ciclo de agressão se encerrar.
O pacifista não leva desaforo para casa. Mas também não carrega conflito consigo.
Gratidão por tanta dedicação e zelo em trazer instruções sagradas para nossas vidas.
Muito bom. Adorei